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Balanço da semana: o que um Payroll surpreendendo para baixo significa? 

Após uma semana marcada por decisão de política monetária do Brasil e Payroll nos EUA, a pergunta que fica é: quais são os próximos passos de política monetária? É hora de pausar o ritmo na economia norte-americana? O corte de 0,50 p.p. no Brasil surpreendeu? 

Parte desses sinais o mercado analisa através da divulgação da ata do Copom, divulgada nesta terça (08). Tanto no Brasil como nos EUA, importantes indicadores são divulgados nesta semana. 

No nosso balanço da semana de hoje, confira os principais fatos que impactaram o mercado na semana passada e o que podemos esperar para os próximos dias.    

Surpresa no Payroll e contrações industriais na China e Europa 

A geração de vagas não-agrícolas nos Estados Unidos ficou em 187 mil postos de trabalho em julho, com a expectativa de 200 mil pelo mercado. A taxa de desemprego caiu de 3,6% para 3,5%. 

Fonte: Valor Pro 

O que isso significa para o Fed? Uma geração de emprego surpreendendo para baixo é vista como positiva, considerando que o indicador é um dos mais importantes para a leitura de política monetária. 

Mesmo assim, para o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, é preciso ficar atendo às falas dos membros do Fed. Segundo colocações de Jerome Powell, o mercado de trabalho segue apertado. 

Atualmente, o FOMC acompanha indicador a indicador para tomar uma decisão concreta. Nesta semana, a inflação oficial (CPI) dos EUA é divulgada, podendo dar novos sinais da condução de política do Fed. 

Até o momento, de acordo com a plataforma de monitoramento do CME Group, há 86,5% de chance de uma pausa no ajuste das taxas de juros, que hoje estão entre o intervalo variável de 5,25% e 5,50%. Há uma possibilidade de 13,5%, porém, de um novo ajuste de 25 pontos-base. 

Do outro lado do planeta, o índice de gerentes de compras (PMI) industrial apresentou uma pequena melhora, indicando contração. 49,3 em julho ante 49 do mês anterior. Segundo Bertotti, o governo chinês vem se movimentando com mais políticas de incentivo, dessa vez incluindo também o consumo. 

Entre as medidas, incentivos para a troca de eletrodomésticos, programas para a aquisição de carros novos, além de incentivos para o consumo de lazer, como cultura, esporte e entretenimento. Tudo isso para recuperar uma economia fortemente impactada pela Covid Zero, que fechou grandes centros comerciais do país para tentar barrar o avanço da COVID-19. 

Abaixo, acompanhe as leituras do PMI chinês e europeu, que foram destaque na semana passada: 

Fonte: Trading Economics 

Na Europa, o setor industrial deteriorou. 42,7 no PMI de julho ante 43,4 do mês anterior. É o menor nível desde maio de 2020 e a sexta queda consecutiva, indicando recessão do setor. 

Na Alemanha, o índice caiu de 40,6 para 38,8 em julho, segundo dados revisados da Hamburg Commercial Bank (HCOB) e S&P Global. Para o economista-chefe do HCOB, Dr. Cyrus de la Rubia, a queda na demanda por bens manufaturados alemães é a mais acentuada dos últimos 30 anos. 

Fechamento da curva de juros do Brasil 

Acompanhando o primeiro ajuste negativo da Selic após muitas reuniões de manutenção de uma taxa a 13,75% a.a., até a sexta-feira (04), as taxas de contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) caíram. 

Fonte: Valor Pro 

A decisão do Copom de uma redução de 0,50 p.p. não foi unânime e surpreendeu levemente o mercado. Como apontado por Bertotti, é importante acompanhar a prescrição da próxima reunião: 

“A prescrição das futuras reuniões é, se mantendo um cenário de queda inflacionária, convergindo para a meta, projetam-se cortes na mesma magnitude nas próximas reuniões do Copom”, aponta. “De qualquer modo, é importante acompanhar o cenário externo, que também impacta o Brasil — o Copom está vigilante neste sentido”. 

Em ata divulgada pelo Copom nesta terça (08), o BC afirmou que as condições econômicas favoreceram o corte de 0,50 p.p. 

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, aponta a ata. 

Acompanhando a decisão do Copom, rebaixamento do rating dos EUA para AA+ pela Fitch e resultados industriais chines e europeu, o Ibovespa teve queda de 0,57% na semana, acumulando alta de 8,91% no ano. 

Fonte: Valor Pro 

Foi a quarta queda diária seguida do índice. Além dos fatores externos e queda na Selic, os investidores acompanham a temporada de resultados corporativos. Petrobras e Bradesco apresentaram lucros menores no período, configurando quedas de 47% e 36% nos resultados anuais, respectivamente. 

O que vem por aí? 

A agenda da semana é tipicamente inflacionária. 

Na terça (08): IPC e IPP da China. 

Na quinta (10): IPC dos EUA. 

Na sexta (11): IPCA do Brasil e IPP dos EUA.