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Balanço da semana: mercado aponta temor de desaceleração econômica na China

Com a diminuição do consumo no país e uma desaceleração da demanda global, a China apresentou a maior queda em exportações e importações desde o início da pandemia do Coronavírus, levando o mercado ao temor de desaceleração do crescimento do país neste segundo semestre.

Fonte: Valor Pro

O valor total das exportações diminuiu 14,5% no mês passado em relação ao mesmo período de 2022. Enquanto isso, as importações caíram 12,40%, fazendo com que a balança comercial do país fechasse com um superávit de US$ 80,6 bilhões no mês.

O índice de preços ao consumidor (CPI) do país também deixou o mercado atento após recuar 0,3% na comparação anual de julho. Foi a primeira deflação desde fevereiro de 2021. Já o índice de inflação ao produtor (PPI) teve uma queda anual de 4,4% no mês de julho.

Na segunda-feira (14), o varejo da China expandiu 2,5% em julho, consideravelmente abaixo das expectativas de 4,4%, enquanto a produção industrial avançou 3,7%, também abaixo do esperado no período.

Com a deterioração dos índices, o Banco Popular da China (PBoC) se viu obrigado a cortar as duas principais taxas de juros do país. Novos estímulos econômicos devem ser promovidos pelo governo para impulsionar o crescimento econômico e retomada do consumo, duramente afetado pelas políticas de Covid Zero.

Enquanto isso, o mercado segue acompanhando o risco eminente de default da construtora Country Garden, que reacendeu dúvidas quanto a efetividade do governo chinês de estancar a crise no setor imobiliário.

Na lista das 500 maiores empresas do mundo, o grupo imobiliário não pagou US$ 22,5 milhões de juros de empréstimos e anunciou neste último domingo (13) a suspensão das cotações de 10 dos títulos corporativos da empresa.

Estados Unidos e a incerteza de pausa no aperto monetário

No final da última semana, o país registrou um CPI (inflação ao consumidor) com alta mensal de 0,2% e base anual de 3,2%. Enquanto o PPI (inflação ao produto) mostrou um aumento de 0,3%, com base anual de 0,8%.

Com a divulgação destes dados, os mercados entraram em correção a partir das incertezas com relação à pausa do aperto monetário. De acordo com o presidente do FED de San Francisco, Mary Daily, “ainda é prematuro declarar vitória contra a inflação americana”.

A expectativa é de que nesta quarta-feira (16), a divulgação da ata do FOMC traga mais detalhes sobre sua decisão de elevar a taxa de juros americana em 0,25 p.p. na última reunião. Enquanto isso, o rendimento dos treasuries avançaram em função de uma menor demanda por títulos públicos.

Valor Pro

A Moody’s, agência internacional de avaliação de risco de crédito, decidiu cortar os ratings de dez bancos regionais dos Estados Unidos. Em reflexo da crise bancária no país e do alto grau de endividamento das instituições, ela também informou que está avaliando e nota de outras seis instituições.

A decisão da Moody’s coloca em perspectiva a crise bancária que quebrou bancos regionais como o Silicon Valley Bank (SVB), First Republic Bank e Signature Bank, indicando que o setor segue fragilizado. Os ajustes nas taxas de juros dos Estados Unidos também são um fator agravante, já que impactam diretamente o financiamento do sistema bancário.

Na terça-feira (15), dados do varejo ficaram acima do esperado nos EUA, subindo 0,7% em julho na taxa mensal e 3,2% na comparação direta com o mesmo período do ano passado.

O mercado de trabalho, que segue apertado segundo falas de Powell, e os dados recentes do varejo reforçam a pressão na inflação e as preocupações em relação a pausa nas taxas de juros do país.

Brasil: inflação acumulada nos 12 meses acima da meta, mas dentro da margem

No Brasil, a alta de 0,12% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho e o resultado acumulado de 3,99% nos últimos 12 meses manteve a curva de juros em estabilidade. Embora acima da meta de 3,25%, ainda está dentro da margem de tolerância de 1,5 p.p.

Já o índice de difusão, que mede a proporção de bens e atividades com aumento de preços no período, foi de 49,6% em junho para 46,2% em julho. É o menor percentual desde maio de 2020, indicando que a inflação vem se espalhando menos no Brasil.

Valor Pro

Quanto à bolsa de valores do país, houve queda de 0,97% na semana e 7,59% no ano. O mercado entende que a queda esteja vinculada à desaceleração da economia chinesa, bem como os dados americanos de CPI e PPI.

Fonte: Valor Pro

Nesta terça-feira (15), encerrando a temporada de balanços do 2º trimestre de 2023, Nubank (NUBR33), Oncoclínicas (ONCO3) e Springs Global (SGPS3) reportam os seus resultados.

Destacamos Banco do Brasil, que reportou um lucro de R$ 8,78 bilhões no período, uma alta de 11,7%. E, também no setor bancário, o Itaú, que divulgou um lucro de R$ 8,74 bilhões, uma alta de 13,9%.

Por fim, as discussões sobre o orçamento de 2024 também devem ser pauta desta semana, assim como a aprovação do novo arcabouço fiscal.

O que vem por aí?

Nesta semana, o destaque será a divulgação de uma série de dados externos.

Na quarta (16): divulgação da ata do FOMC, produção industrial dos EUA e o núcleo de inflação do Reino Unido.

Na quinta (17): pedidos de seguro-desemprego e índice de atividade manufatureira na área da Filadélfia.