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Balanço da semana: Treasuries renovando máximas desde 2007

Aversão ao risco. Essa é a frase que definiu os mercados no início de outubro, apesar da inflação de consumo pessoal ter surpreendido para baixo nos Estados Unidos. 

No Brasil, esse cenário impactou diretamente nossa curva de juros da última semana. Do outro lado do planeta, os problemas na China seguem preocupando. 

No nosso balanço da semana de hoje, confira os principais fatos que movimentaram os mercados na semana passada e o que podemos esperar para os próximos dias.        

Treasuries renovando máximas 

Os títulos do Tesouro dos Estados Unidos fecharam a semana passada renovando as altas máximas, e o cenário não se reverteu nesta segunda. No início do dia, chegou a bater 4,817%, maior rendimento de 2007, com investidores admitindo que o problema inflacionário pode ser maior que o esperado e que os juros ainda podem subir neste ano. 

Abaixo, confira um comparativo da curva de rendimentos dos Tresuries de 10 anos com o desempenho com as bolsas da Nasdaq e S&P 500: 

Fonte: TradingView

A curva se intensificou após o comunicado contracionista do Fed, que não descarta um aumento de 25 pontos-base até o ano acabar. Também é um reflexo dos últimos dados inflacionários e de mercado de trabalho do país. 

O PCE (índice de consumo pessoal) teve alta mensal de 0,1% em agosto e anual de 3,9%, sendo que o mercado aguardava uma expansão de 0,2% ante julho. No núcleo, alta de 0,4% ante 0,5% aguardado. 

Por outro lado, os últimos dados dos pedidos por seguro-desemprego no país ficaram abaixo do esperado na última divulgação, indicando que o mercado de trabalho permanece pressionado. Foram 204 mil novos pedidos na última semana de setembro, sendo que o mercado projetava 215 mil. 

“São quatro semanas consecutivas de pedidos por seguro-desemprego vindo abaixo do aguardado”, aponta Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos. “Ainda há muita aversão ao risco no mercado”. 

O sintoma de um mercado de trabalho que ainda pode surpreender potencialmente resultará em um ajuste nas taxas de juros antes de encerrar o ano. É o que aponta a pesquisa do CME Group, com 74,33% de possibilidade de manutenção nos juros na reunião do dia 1 de novembro, mas 38,24% de chance de um ajuste de 0,25 p.p. na segunda semana de dezembro. 

“O mercado vai prestar muita atenção nos dados do Payroll desta semana”, aponta Bertotti. A divulgação da geração de emprego, um dos indicadores mais olhados pelo Fed, acontece na sexta-feira (06). 

No Brasil, curva pressionada 

A aversão ao risco impactou diretamente na curva de juros brasileira, com os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) subindo na semana: 

Fonte: Valor Pro

No cenário doméstico, o risco fiscal segue sendo um grande fator de preocupação, bem como a crise no setor imobiliário da China. Na Evergrande, o presidente do Conselho de Administração, Hui Ka Yan, está sendo investigado por suspeita de transferência de ativos para o exterior. 

Abaixo, acompanhe a variação do Ibovespa na última semana: 

Fonte: Valor Pro

Apesar da semana desafiadora, o pregão da sexta empurrou o Ibovespa para o terreno positivo, subindo 0,71% em setembro. Na semana, subiu 0,48%. 

Outro ponto de impacto da semana ficou para o Dólar, que subiu 1,53% no mês de setembro apesar do recuo de 0,16% na sexta-feira. Com um mercado optando por opções mais seguras, o Dollar Index (DXY) subiu consideravelmente desde o início de julho. 

O que vem por aí? 

O desempenho do mercado de trabalho dos EUA é o grande destaque da semana, com o Payroll dos EUA sendo divulgado na sexta. No Brasil, a balança comercial é destaque. 

Nesta segunda-feira (02), dados divulgados do Índice de Gerentes de Compras (PMI) industrial Caixin da China apontaram para uma expansão do setor, com o indicador indo para 50,6 em setembro, mas sendo uma recuperação menor que os 51,0 do mês anterior. 

Também divulgado hoje, a balança comercial brasileira teve superávit de US$ 8,90 bilhões em setembro, abaixo dos US$ 9,19 bilhões aguardados. 

Terça-feira (03): nos EUA, ofertas de emprego JOLTs. 

Quarta-feira (04): nos EUA, geração de emprego privado ADP, PMI de serviços e encomendas à indústria. 

Quinta-feira (05): nos EUA, pedidos de seguro-desemprego. 

Sexta-feira (06): nos EUA, Payroll e taxa de desemprego.