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Balanço da Semana: um novo conflito geopolítico no horizonte

Um novo conflito com proporções geopolíticas internacionais começa a impactar o mercado financeiro nesta segunda (09) após uma semana marcada por aversões ao risco. 

Nos EUA, o grande ponto de atenção ficou para o mercado de trabalho, que assustou os investidores na sexta-feira (06). 

No nosso balanço da semana de hoje, confira os principais fatos que movimentaram os mercados na semana passada e o que podemos esperar para os próximos dias. 

Quase o dobro do esperado 

O grande destaque da semana passada ficou para a divulgação da geração de emprego nos Estados Unidos. Os EUA geraram quase o dobro do esperado de novos postos de trabalho não-agrícolas em setembro. 

É isso o que mostra os dados do Payroll. No mês passado, foram 336 mil novas vagas, sendo que o mercado projetava 170 mil. A taxa de desemprego encerrou o mês em 3,8% — o mercado aguardava 3,7%. A renda média por hora subiu 0,2%, para US$ 33,88, na base mensal. 

Abaixo, confira os dados do mercado de trabalho: 

Fonte: Valor Pro 

O Bureau of Labor Statistics ainda revisou os dados de julho e agosto, que geraram 227 mil e 236 mil vagas, respectivamente. A divulgação anterior apontava 157 mil e 187 mil de geração de emprego. 

Os dados do Payroll são olhados com muita atenção pelo mercado e Fed pois podem dar novos sinais acerca das pressões inflacionárias do país. Uma geração de emprego acima do esperado aponta para uma economia mais aquecida e mais pressões nos preços. 

Com a aversão ao risco tomando conta do mercado, os rendimentos dos Treasuries bateram suas máximas desde 2007, com os investidores preocupados com a preposição de uma inflação mais prolongada e novos ajustes nas taxas de juros. 

Um novo conflito geopolítico 

Para além dos problemas econômicos globais, o mercado está de olho no novo conflito geopolítico em Israel e Palestina após sucessivos ataques terroristas do grupo Hamas. 

Para o economista-chefe da Messem, Gustavo Bertotti, ainda “é cedo” para especular qual o exato impacto na economia mundial. Apesar da intensidade do conflito, quando comparado com as consequências econômicas da guerra na Ucrânia, os sintomas aparentam ser menores. 

Mesmo assim, os barris de petróleo foram rapidamente pressionados no início da semana, saltando US$ 4 por barril em um curto intervalo de tempo. 

Diante de um conflito geopolítico, os mercados costumam reagir de acordo com as perspectivas de recursos naturais, risco nuclear e atividade econômica. A escala do conflito, bem como a duração da guerra, também é um fator fundamental. 

Dólar em alta e Ibovespa em queda 

O cenário de aversão ao risco no mercado internacional não é diferente no Brasil. Com as divulgações do Payroll e temor de que a política monetária restritiva durará por mais tempo, o Ibovespa reagiu com queda de 2,06% na semana, acumulando alta de 4,04% no ano. 

Abaixo, acompanhe a variação do Ibovespa: 

Valor Pro

Em linha com os Treasuries, as curvas de juros brasileiras foram pressionadas na última semana. Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 registraram R$ 91 bilhões em negócios do pregão da sexta (06). 

Abaixo, acompanhe a curva de juros: 

Fonte: Valor Pro

Um dos sintomas de um mercado procurando por opções mais seguras é de um Dólar mais forte frente a moedas como o Real. O Dollar Index (DXY) teve alta de 1,22% nos últimos 30 dias. Com a depreciação da moeda brasileira, o Dólar bateu R$ 5,16 com alta de 2,82% no mês. 

É a maior depreciação do Real desde março deste ano. Em julho, a moeda norte-americana chegou a custar R$ 4,75. Abaixo, acompanhe um comparativo entre o desempenho do Real frente ao Dólar e o Dollar Index (DXY): 

Fonte: Valor Pro

Segundo Bertotti, os investidores também costumam procurar por ouro diante desse cenário inseguro no mercado. As cotações subiram mais de 1% na segunda (09). 

O que vem por aí? 

Se a semana anterior foi marcada pelo mercado de trabalho, os próximos dias serão impactados pelos dados inflacionários dos países: 

Quarta-feira (11): no Brasil, inflação ao consumidor. Nos Estados Unidos, inflação produtor e divulgação da ata do FOMC. 

Quinta-feira (12): nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor é divulgada. Na China, inflação ao consumidor e inflação ao produtor. 

Sexta-feira (13): na China, balança comercial. No Brasil, confiança do empresário.