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Balanço da Semana: aversões ao risco

Dados inflacionários dos EUA marcaram a última semana, com investidores preocupados com uma economia aquecida e prováveis mais ajustes nas taxas de juros. 

No Brasil, curva de juros em alta e IPCA ficando acima das expectativas. 

No nosso balanço da semana de hoje, confira os principais fatos que movimentaram os mercados na semana passada e o que podemos esperar para os próximos dias.  

CPI desacelera, mas acima das expectativas 

Foi uma semana marcada pelos dados da inflação dos Estados Unidos. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI em inglês) teve alta de 0,4% em setembro na base mensal, como acumulado dos últimos 12 meses ficando em 3,7%. O mercado aguardava uma alta de 0,3% e 3,6%, respectivamente. 

O Índice de Preços ao Produtor (IPP) teve o mesmo destino, surpreendendo o mercado. O indicador teve alta de 0,5% em setembro e 2,2% anualmente, ante 0,3% e 1,6% aguardados, respectivamente. 

Abaixo, acompanhe um comparativo entre a inflação oficial e a inflação ao produtor dos EUA: 

Fonte: Valor Pro 

No varejo norte-americano, outra surpresa. Alta de 0,7% em setembro ante 0,3% esperado. Os dados de agosto foram revisados de 0,6% para 0,8%. 

Enquanto o mercado segue apreensivo e com aversão ao risco, os rendimentos dos Treasuries de 10 anos renovaram as máximas desde 2007 no início dessa semana. 

Para Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, os investidores estão “retendo mais moeda”, então governo terá que “emitir títulos de yields mais altos para ser mais atrativo”. 

Apesar de um aparente consenso no mercado de que a próxima reunião de política monetária, no dia 1 de novembro, contará com uma manutenção nas taxas de juros, as expectativas indicam que pode ocorrer um aumento de 0,25 p.p. antes do término do ano. 

É o que aponta o estudo da CME Group sobre o tema. Há uma possibilidade de 40,8% da reunião do dia 13 de dezembro, a última do ano, tenha um ajuste de 0,25 p.p. 

Fonte: CME Group 

Enquanto os investidores se preocupam com uma economia norte-americana aquecida, a China, que passa por graves problemas no setor imobiliário, tenta recuperar o crescimento econômico com a maior injeção de liquidez desde a pandemia em 2020. 

São 289 bilhões de iuanes (ou US$ 39,6 bilhões), através de do mecanismo de empréstimo de médio prazo. O governo espera que, com a injeção, as instituições tenham mais fundos para tomarem mais dívidas do banco central e governos regionais. 

Dentro das expectativas, a China não alterou as taxas de juros de referência, que estão em 2,5%. 

No Brasil, curva de juros pressionada 

O cenário externo mais uma vez impactou a curva de juros na última semana, com os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) subindo no período. A guerra no Oriente Médio também contribui para o cenário de riscos. 

Abaixo, acompanhe o desempenho das curvas de juros: 

Fonte: Valor Pro 

Apesar do cenário de aversão ao risco, a inflação oficial brasileira foi positiva, com alta de 0,26% em setembro ante 0,33% aguardado. Na soma dos últimos 12 meses, ficou em 5,19%. Transportes foi o grupo de destaque do mês, subindo 1,4%. 

O cenário de riscos no mercado externo impactou o Ibovespa na última semana, que encerrou em alta de 1,39%. 

Fonte: Valor Pro 

Com a escalada das tensões no Oriente Médio, o barril de Petróleo subiu mais de 5% nos últimos 7 dias. O barril de brent está custando US$ 91,25 às 15h desta quarta-feira (18). 

O que vem por aí? 

É uma semana importante de mercado de trabalho nos EUA, com os pedidos por seguro-desemprego sendo divulgados no fim da semana. 

Terça-feira (17): nos EUA, as vendas do varejo subiram 0,7% em setembro ante 0,3% aguardado. A produção industrial subiu 0,3% ante 0,1% aguardado. Na China, o PIB subiu 1,3% no terceiro trimestre ante 1% aguardado e 4,9% anualmente (ante 4,4% de expectativa). 

Quinta-feira (09): IBC-Br no Brasil, pedidos por seguro-desemprego e falas de Powell nos Estados Unidos.