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Balanço da Semana: PIB do Brasil pode desacelerar

Os Treasuries seguem sendo um grande destaque na agenda dos investidores, com os títulos públicos batendo rendimento máximo desde 2006, mas dando trégua na sexta-feira (20). 

Na China, dados econômicos positivos em meio a uma problemática crise imobiliária. 

No nosso balanço da semana de hoje, confira os principais fatos que movimentaram os mercados na semana passada e o que podemos esperar para os próximos dias.  

Três dados positivos na China 

O dragão vermelho vem passando por uma grande crise imobiliária após o calote da Evergrande ao final de 2021. 

Além dos problemas no setor, o governo chinês vem aprovando sucessivos pacotes de estímulos para tentar recuperar o crescimento econômico. O consumo vem encontrando dificuldades de retomada desde a abertura econômica. Antes disso, a Covid Zero havia fechado grandes centros comerciais por longos períodos de tempo. 

Na semana passada, três dados econômicos chamaram a atenção do mercado. O Produto Interno Bruto (PIB) desacelerou no terceiro trimestre, para 4,9% anualmente. Havia subido 6,3% no trimestre anterior. De qualquer modo, expandiu acima das expectativas do mercado, que aguardava 4,3% no período. 

Abaixo, acompanhe o desempenho do PIB: 

Fonte: Valor Pro

A produção industrial também surpreendeu, subindo 4,5% anualmente em setembro ante 4,3% aguardados pelo marcado. No varejo, a expansão foi de 5,5% anualmente em setembro, sendo que o mercado projetava 4,9%. 

Nos EUA, indústria e varejo surpreendendo 

Os crescimentos dos setores industrial e do varejo dos Estados Unidos também pegaram o mercado de surpresa na semana passada. 

A produção industrial expandiu 0,3 em setembro ante 0,1% aguardado. A taxa de utilização de capacidade instalada, que mede a proporção da produção econômica potencial em relação àquela efetivamente realizada, cresceu 0,2% em setembro, somando 79,70%. 

Abaixo, acompanhe a variação do setor industrial dos EUA: 

Fonte: Valor Pro 

No varejo, a expansão foi de 0,7%, acima dos 0,3% aguardados. Compra de automóveis e consumo online foram os grandes destaques no setor em setembro. 

A economia aquecida e os últimos dados do trabalho continuam preocupando os economistas, que ainda não chegaram em um consenso quanto às expectativas da taxa de juros dos EUA. A reunião do FOMC do dia 1 de novembro provavelmente contará com uma manutenção nas taxas, mas a próxima (a última do ano) pode ser marcada por um ajuste de 0,25 p.p. 

“Os mercados continuam com aversão ao risco, nervosos” aponta Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos. “Precisamos monitorar dia a dia”. 

No Brasil, Ibovespa e curva de juros em baixa 

Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) recuaram na semana passada com a trégua dos Treasuries na sexta-feira (20). Abaixo, acompanhe a variação: 

Fonte: Valor Pro

Pressionado pelo externo, o Ibovespa teve uma queda de 2,25% na semana, com aversão ao risco tomando conta do mercado, impulsionando os rendimentos dos Treasuries no último mês, e guerra no Oriente Médio sendo um grande ponto de preocupação. 

A instabilidade trazida pela guerra impulsionou o barril de brent para acima de US$ 93 na sexta-feira (20), sendo que estava a US$ 84 no início de outubro. 

Abaixo, acompanhe a variação do Ibovespa na semana: 

Fonte: Valor Pro

Entre os destaques no mercado doméstico, o IBC-Br, conhecido como a prévia do PIB divulgada pelo Banco Central (BC), teve queda de 0,77% em agosto, sendo que havia crescido 0,44% no mês anterior. O mercado aguardava um recuo de 0,30%.  

No acumulado do ano, alta de 3,06%. Ante o mesmo período do ano passado, expansão de 2,82%. 

Para o economista-chefe da Messem, o resultado pode ser um indicativo de uma desaceleração do PIB brasileiro no terceiro trimestre do ano. No segundo trimestre, a economia expandiu 0,9% na taxa anual. 

O que vem por aí? 

Com destaque para os gastos de consumo pessoal dos EUA no encerramento da semana, serão dias de importantes indicadores no Brasil e exterior. 

Terça-feira (24): PMI S&P Global dos EUA. 

Quarta-feira (25): no Brasil, confiança do consumidor da FGV. 

Quinta-feira (26): no Brasil, IPP e IPCA-15. Na Zona do Euro, decisão sobre as taxas de juros. Nos EUA, PIB do terceiro trimestre e pedidos por seguro-desemprego. Na China, lucros industriais. 

Sexta-feira (27): índice de gastos de consumo pessoal (PCE) dos EUA.