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Balanço da semana: a temporada de resultados vem aí!

Inicia na quarta-feira (19) a temporada de resultados corporativos do segundo trimestre de 2023, um momento importante para o mercado atestar não só os desempenhos financeiros das empresas, mas também os reflexos do desenvolvimento econômico nacional. 

Na semana passada, tivemos importantes indicadores, no mercado interno e externo, que deram novos sinais sobre a condução de política monetária dos Estados Unidos e o mercado interno brasileiro. 

No nosso balanço da semana de hoje, confira os principais fatos que impactaram o mercado na semana passada e o que podemos esperar para os próximos dias. 

Por quanto tempo os juros subirão nos EUA? 

A próxima reunião do FOMC está marcada para a última semana de julho. Muito importante de ser acompanhada, o encontro pode dar novos indícios em relação as diretrizes futuras do Fed.  

Apesar de alguns indicadores ainda estejam para serem divulgados antes da próxima reunião, o mercado já projeta, com 97,3% de certeza, que os juros subirão em 25 pontos-base para a taxa variável entre 5,25% e 5,50%. É o que mostra a projeção da ferramenta Fedwatch Tool, do CME Group, nesta segunda (17). 

Fonte: CME Group

Para Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, a condução da política monetária dependerá dos indicadores do país: 

“O Fed continuará acompanhando os indicadores para a tomada de decisões”, comenta. “Teríamos que ter um Payroll e uma inflação abaixo do esperado para justificar uma pausa mais cedo”. 

O chamado CPI (índice de preços ao consumidor) EUA desacelerou para 3% anualmente em junho, de acordo com os dados mais atualizados. Apesar de estar mais próxima da meta, de 2%, os presidentes distritais do Fed já indicaram mais apertos monetários para o atingimento dessa meta. 

O mercado de trabalho dos EUA segue forte. Em junho, gerou 209 mil novas vagas não-agrícolas, um pouco abaixo das estimativas. No mês anterior, foram 306 mil novos empregos, de acordo com dados revisados, bem acima do esperado pelo mercado. 

Considerando a somatória do primeiro semestre do ano, foram pouco mais de 1,6 milhão de novas vagas de janeiro a junho, com uma média mensal de 278 mil novas vagas de acordo com o Bureau of Labor Statistics. 

No Brasil, uma prévia do PIB abaixo do esperado 

Mostramos no nosso balanço da semana passada a tendência de queda das taxas de contratos de Depósito Interfinanceiro (DI). Nos últimos sete dias, porém, a curva de juros mostrou sinais de exaustão após as aprovações do arcabouço fiscal e reforma tributária. 

Fonte: Valor Pro 

Para Bertotti, há um reflexo da queda do varejo brasileiro, de 1% em maio, resultado impulsionado pelo alto nível de endividamento das famílias e aperto monetário. No IPCA, que retrocedeu 0,8% em junho, uma surpresa negativa no setor de serviços, que expandiu acima (0,62%) do previsto. 

Nesta segunda (17), a prévia do PIB (IBC-Br) divulgada pelo Banco Central (BC) mostrou uma queda de 2% em maio, expandindo uma preocupação com o segundo semestre da economia brasileira. 

“No cenário doméstico brasileiro, o alto endividamento das famílias, somado aos juros altos, pode prejudicar o crescimento econômico”, explica o economista chefe. 

Com inflação de serviços surpreendendo, queda no varejo e um mercado acompanhando os estímulos econômicos da China, o Ibovespa encerrou a semana passada com queda de 0,21%. É, segundo, Bertotti, um cenário de “exaustão”, com troca entre os setores. 

Fonte: Valor Pro

 

O que vem por aí? 

Nessa semana, o grande driver para os mercados será o início da temporada de resultados do segundo trimestre. Para Bertotti, os dados vão ser “complexos”, possivelmente mostrando um cenário desafiador em ativos ligados à economia local, como varejo, construção civil, saúde e tecnologia, com balanços comprometidos e impactados pela alta despesa financeira. 

A temporada de resultados brasileira inicia na quarta-feira (19). 

Mas outros indicadores importantes vão ser divulgados nesta semana: 

Segunda-feira (17): IBC-Br de maio, com queda de 2%. 

Terça-feira (18): nos EUA, vendas varejistas e setor industrial. 

Quarta-feira (19): divulgação das taxas de juros da China. 

Quinta-feira (20): pedidos de seguro-desemprego nos EUA e o índice de manufatura da Philadelphia.