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Por que o mercado americano influencia a economia do Brasil?

A economia no Brasil é afetada por diversos fatores, como a política monetária definida e questões internas do mercado — que vão do consumo à política. Porém, o ambiente nacional também sofre influência do mercado norte-americano.

Em geral, o que acontece nos Estados Unidos ressoa em todo o mercado mundial — e seus efeitos podem ser sentidos, inclusive, no Brasil. Além de conhecer os impactos gerais que acontecem, é essencial saber como os seus investimentos podem ser afetados.

A seguir, descubra como e por que ocorre a influência do mercado americano na economia brasileira!

Qual é a importância do mercado americano?

Para começar, é necessário compreender a relevância do mercado americano. Na verdade, os Estados Unidos possuem a maior economia do mundo. Ademais, o país tem o maior e mais sólido mercado de capitais do planeta.

Também existem duas outras questões bastante relevantes que aumentam a importância do mercado dos EUA. A primeira é a quantidade de grandes empresas relevantes originárias no país, com destaque para as big techs.

Já a segunda se refere à moeda oficial dos Estados Unidos — o dólar norte-americano. A moeda é considerada forte em todo o mundo, sendo usada como uma referência em diversas economias.

Logo, a economia americana tem grande relevância e impacto nos demais mercados do mundo. Inclusive, é bastante comum que as bolsas de outros países reajam a movimentos dos Estados Unidos, por exemplo. Por isso, muitas vezes, esse mercado é usado como referência — inclusive por investidores.

Por que as movimentações impactam economias de todo o mundo?

Agora que você entende que a economia dos Estados Unidos é relevante para os demais mercados, vale saber por que isso acontece. Um dos motivos é que as duas principais bolsas do mundo estão localizadas no país. Já o câmbio norte-americano é outro elemento que pode interferir na economia no exterior.

As movimentações do Federal Reserve System (FED), o banco central dos EUA, também têm grande influência na economia do país e, consequentemente, em outros países.

É por isso que, em 2008, a crise imobiliária dos Estados Unidos afetou todo o mercado internacional. Como a economia do país passou por problemas — como a quebra de bancos e instituições financeiras —, os impactos chegaram a diversas bolsas do mundo.

Como o mercado americano pode influenciar a economia brasileira?

Considerando que as condições do mercado americano podem impactar outros países, a economia do Brasil também é afetada. Para entender melhor como acontece esse movimento, confira quais são os principais fatores que influenciam a economia brasileira!

Dólar

Como você viu, o dólar americano é considerado uma moeda forte, o que também se relaciona à força do mercado dos EUA. Nesse sentido, o real costuma ser menos valorizado que o dólar — embora parte da economia do Brasil seja dolarizada.

Isso acontece devido à importação de diversos componentes, como itens industrializados e certas matérias-primas. Como consequência, o aumento no dólar encarece as cadeias produtivas no Brasil — ainda que a compra não seja feita diretamente nos Estados Unidos.

Como na maior parte das vezes há o repasse de custos para o consumidor final, esse movimento estimula a inflação. Para conter o avanço, o Banco Central do Brasil (Bacen) adota políticas monetárias específicas, como o aumento da Selic.

Essa é a taxa básica de juros da economia e serve de referência para as outras taxas cobradas no mercado. Com o movimento, há o encarecimento do crédito e o desestímulo ao consumo. Como consequência, a economia tende a sofrer uma retração.

Commodities

A economia dos Estados Unidos também pode impactar o preço das commodities. Esses são produtos com baixa ou nenhuma industrialização e costumam ser utilizados como matérias-primas para produtos e processos variados.

Como o Brasil é tanto produtor quanto consumidor de commodities, ele é afetado pelo movimento de preços. Por exemplo, se a economia dos Estados Unidos estiver aquecida, é provável que a construção civil também esteja.

Isso aumenta a demanda por aço, o que pode elevar o preço do minério de ferro — o que pode beneficiar as exportadoras brasileiras. Já se os EUA tiverem problemas econômicos ou políticos, pode haver uma ruptura de mercado que interfira no preço das commodities.

Para entender melhor, vale lembrar que, diante da guerra entre Rússia e Ucrânia — iniciada em 24 fevereiro de 2022 —, os EUA impuseram sanções à Rússia. Entre as medidas, estava a proibição de importação do petróleo russo.

Como consequência dessa sanção, o preço do barril de petróleo, que já vinha em alta, disparou ainda mais. Tendo em vista que, em 2022, o preço do petróleo no Brasil estava pareado ao mercado internacional, o movimento também aumentou o custo do produto no país.

Logo, os efeitos foram sentidos diretamente nos preços dos combustíveis, como a gasolina e diesel — impactando toda a economia do Brasil.

Importação e exportação

Apesar de as commodities serem impactadas pela economia dos EUA, elas não são os únicos produtos que podem sofrer alterações nos preços. Devido ao comércio internacional, é preciso considerar o peso da balança comercial entre os países.

Diante da alta do dólar, o Brasil paga mais para importar, mas também recebe mais com as exportações. Setores produtores de commodities e outros produtos de alta procura pelos EUA, por exemplo, são beneficiados.

Por outro lado, se o mercado dos EUA passar por problemas e houver uma redução no volume de importação, a economia no Brasil pode sentir um desaquecimento devido à queda nas exportações para o país norte-americano.

Como o mercado americano pode interferir nos seus investimentos?

Conforme você acompanhou, o mercado americano costuma ter impacto direto na economia brasileira. Porém, além dos efeitos econômicos, existem fatores que incidem diretamente nos seus investimentos.

A alta do dólar, por exemplo, pode colaborar com o aumento da inflação no Brasil. Logo, a rentabilidade real da sua carteira é reduzida, o que exige um retorno nominal maior para conseguir manter o poder de compra.

Esse movimento inflacionário também pode fazer a taxa de juros subir. Em cenários do tipo, a renda fixa pode se tornar mais interessante — e até atrair investidores estrangeiros. Dependendo do nível de investimentos recebidos, há maior circulação de dólar e diminuição da taxa de câmbio.

Porém, esse movimento também compromete a economia com uma taxa de juros mais alta. Então, o mercado de renda variável, incluindo a bolsa de valores, pode sofrer impactos negativos.

Além disso, as decisões internas dos EUA também afetam a economia no Brasil. Quando o FED decide aumentar a taxa de juros nos Estados Unidos, a tendência é de migração do investimento estrangeiro.

Isso restringe a quantidade de dólar no mercado nacional e pode elevar a cotação da moeda. Como consequência, há novo avanço inflacionário — o que pode fazer a taxa de juros subir ainda mais.

Como proteger a carteira?

Para evitar os impactos das movimentações externas — ou se beneficiar dessa dinâmica —, uma alternativa é a diversificação do portfólio. Ao manter parte da carteira ligada ao mercado nacional e uma parcela exposta à economia norte-americana, por exemplo, é possível equilibrar os riscos e as possibilidades de rentabilidade.

O mercado de capitais brasileiro oferece diversas alternativas de investimento para quem busca essa diversificação. Entre elas, estão os fundos de índice (ETFs) atrelados a índices internacionais e os brazilian depositary receipts (BDRs), por exemplo.

Como você acompanhou, a economia no Brasil pode ser diretamente impactada pelo mercado dos Estados Unidos. Por isso, vale a pena acompanhar as questões referentes ao ambiente externo para entender os possíveis resultados no cenário brasileiro e diversificar o portfólio de investimentos.

Gostou deste artigo? Se precisar de ajuda para entender o mercado financeiro e compor uma carteira de investimentos mais robusta, fale conosco da Messem Investimentos!

 



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